Imbolc |
O Tempo da Deusa, da Chama e do Regresso da Luz
Saudações Druídicas!
Briga, Santa Brígida, a Amendoeira e a “Luz”
O Imbolc é uma festividade céltico-druídica que assinala o retorno da luz, quando os dias lentamente começam a ficar maiores após ter sido atravessado o pico da rigorosa escuridão invernal, no Solstício. “Imbolc” é uma palavra de origem gaélica que significa “gravidez das ovelhas” ou “leite das ovelhas”, ligada ao nascimento das primeiras crias, que ocorrem geralmente por volta desta altura.
Ainda estamos longe das tórridas fogueiras de Beltane, mas a luz que foi reacendida no Alban Arthan, tendo sido acalentada silenciosamente no ventre da Deusa, começa agora timidamente a desabrochar.
Tratando-se de uma festividade feminina ligada à Deusa, está particularmente associada à deusa céltica irlandesa Brighid, que foi cristianizada, entre nós, como Santa Brígida (curiosamente encontra-se uma antiga relíquia que lhe é atribuída na Igreja do Lumiar, em Lisboa). Na antiga Lusitânia e na Galécia terá sido conhecida como Briga ou Brigantia (ainda hoje os habitantes de Bragança são conhecidos como “Brigantinos”).
Kildare – a igreja do carvalho |
Brighid é a deusa tutelar e protectora dos poetas e bardos, dos ferreiros e dos curadores. O seu santuário mais conhecido, e de origens pré-cristãs, encontra-se na Irlanda, em Kildare (cujo nome significa “Igreja do Carvalho”). Trata-se de um lugar sagrado desde tempos remotos, onde existia uma fogueira com um fogo perpétuo, mantido por 19 sacerdotizas, segundo a tradição.
É interessante assinalarmos que o número 19 no Tarot corresponde à carta do sol e está também ligado ao ciclo astronómico de Meton, que simboliza o “casamento alquímico” das duas polaridades energéticas, masculina e feminina, representado pelas posições do sol e da lua nos céus. Posteriormente, com a cristianização, o culto da chama perpétua terá sido perpetuado já no próprio mosteiro. Curiosamente, era um dos raríssimos mosteiros cristãos primitivos que albergava no seu seio tanto homens como mulheres. O culto do fogo perpétuo tem raízes na aurora da humanidade, para quem este fogo era essencial para a sua própria sobrevivência.
Esta data foi cristianizada com o nome de Nossa Srª das Candeias, ou Candelária, no dia 2 de Fevereiro, sendo uma festa igualmente feminina onde é habitual haver uma cerimónia de benção e procissão das velas.
Amendoeiras em flor |
No território português uma das marcas desse regresso da Deusa, vinda do Submundo, é a Amendoeira, que tradicionalmente é a primeira das árvores a florir, com a sua coloração branca de neve – é um sinal de renascimento e de nova vida, após a “morte aparente”, que na verdade é apenas um “adormecimento”. Diz a Tradição que uma certa Amendoeira é oca, onde uma caverna subterrânea conduz à Cidade Sagrada de “Luz” (“Amendoeira” em hebraico) – um lugar onde a morte não existe, tal como Agartha.
Boas celebrações!
Alexandre Gabriel /|
Ordem dos Bardos, Ovates e Druidas – OBOD
Outros Textos:
(2012) Festival Pagão Imbolc: https://branmorrighan.com/2012/02/festival-pagao-imbolc.html
(2010) Imbolc – O regresso da energia masculina (do Deus): https://branmorrighan.com/2010/01/imbolc-o-regresso-da-energia-masculina.html
(2010) Imbolc Druid Network: https://branmorrighan.com/2010/02/as-winter-releases-us-from-her-embrace.html
(2010) Deusa Brighid – Parte 2 (Imbolc): https://branmorrighan.com/2010/01/deusa-brighid-parte-2-imbolc.html