“Toda a gente me pergunta por ti. Habituaram-se de tal maneira a associarem-nos um ao outro que nem fazem ideia que há meses que não trocamos uma palavra, há meses que nem sequer sei por onde andas, com quem falas, se arranjaste emprego, se andas bem e feliz. Como quem não quer a coisa vão-me questionando sobre todas estas coisas ou então dão-me a conhecer as suas respostas, mesmo sem eu as pedir. Poderia dizer-lhes que neste momento é como se não existíssemos um para o outro, como se nunca tivéssemos tido qualquer tipo de proximidade, mas não digo. Sorrio e encolho os ombros, digo-lhes que há algum tempo que não falamos e mudo de assunto; eles não dão por nada. Confesso, tenho receio de um dia que nos voltemos a cruzar, das nossas reacções, mas mais ainda das reacções dos outros. As bocas, as brincadeiras, os piscares de olhos como quem diz eu sei o que se passa convosco, mesmo não fazendo eles ideia de que nem nunca se passou coisa alguma.
O meu coração ainda se precipita quando penso em ti, não consigo esquecer todos os olhares, todos os toques, todos os risos e conversas que só contigo é que tinha. Penso que acima de tudo é disso que sinto mais falta, daquelas conversas, em tom de discussão ou de impaciência amistosa, que só aconteciam quando estava na tua presença. Os debates infinitos sobre coisas nenhumas que diziam tanto sobre nós, que reflectiam um pouco do que somos, mas que não dizemos abertamente ao mundo. Talvez por sermos tão parecidos em tantas coisas, mas tão abismalmente diferentes noutras, é que tudo tomou este rumo. No fundo, por muito que me pergunte o que é que podíamos ter feito de diferente, sei que era inevitável a separação. A outra opção seria enveredarmos por caminhos que nem um nem outro estávamos preparados para percorrer. Fica o coração apertado, a tristeza do que não foi, mas o conhecimento de que provavelmente é melhor assim. Ou será que não passa tudo de uma extrema cobardia dos dois? Não gosto de pensar que sou cobarde, aliás, sei que não o sou, e no que toca à minha relação contigo isso custou-me caro, mas quando se trata de ti, parece que tudo o que é certo se torna incerto e todas as certezas se derretem em dúvidas. Tu serás sempre aquele que, por mais tempo que passe, me fará questionar “E se?”.”
Morrighan 18/09/2013 – 09h42
hihihi… Todos os que tiveram escolhas na vida conhecem bem o termo 'e se?' que tanto aplicamos à vida.
Por mais voltas que se dê, existiram mil e uma possibilidades que – mesmo tendo sido escolhidas – nos dariam tantas outras que não tínhamos optado.
Fica a ideia: "Não se chora pelo leite derramado"
Pois é! Quase poderia responder com este: http://www.branmorrighan.com/2013/08/escritos-aleatorios-3.html
:b