[Diário de Bordo] O dia em que assinei a escritura – Parte II

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O dia em que assinei a escritura foi o dia de véspera de ir parar às urgências, que veio a tornar-se o início da caminhada para me tornar num cyborg. Mas isto vocês já sabem dado que já leram o [Diário de Bordo] O dia em que assinei a escritura – Parte I certo? 🙂

Ora bem, no último post terminei a declarar que a grande epopeia de conseguir um empréstimo com condições decentes para comprar o meu primeiro apartamento deu-se com a ajuda de uma equipa de mulheres! Não foi propositado, de todo, mas foi bonito ver a convergência natural das coisas.

A primeira equipa foi a do Doutor Finanças. Não sei se conhecem o site e os seus serviços — e não, não estou a fazer publicidade, a não ser gratuita, antes a partilhar uma história de sucesso — mas posso-vos dizer que não só gostei da experiência como recomendo. Quando trabalhamos a tempo inteiro é difícil arranjar intervalos a horas decentes para se percorrer infinitos balcões bancários. Mais difícil ainda é passar sempre pelo mesmo ritual de enviar a documentação, de repetir tudo e mais alguma coisa para no fim nos serem dadas dezenas de páginas com as condições que maioritariamente não são favoráveis.

Utilizei o serviço do Doutor Finanças após umas quantas tentativas de fazer sentido às propostas que nos balcões de diversos bancos me faziam. O serviço de procura do melhor crédito habitação do Doutor Finanças é gratuito. Existe um trabalho inicial de recolhermos toda a documentação necessária (recibos de vencimento, nota de liquidação do IRS, extractos bancários, etc. etc.), mas depois são eles quem negoceiam com os bancos as condições oferecidas. E nisto, meus queridos leitores, há muita coisa que não controlamos. Através do tipo de contrato que temos, do nosso vencimento, idade, etc., os bancos já têm algoritmos que calculam índices de riscos de empréstimo… E eu que até sou informática arrepio-me um pouco isto.

Depois de confirmada toda a documentação, o Doutor Finanças comunica com os bancos e volta a entrar em contacto connosco com a melhor proposta. No meu caso obtive uma proposta em menos de uma semana e foi mesmo a melhor proposta que obtive entre as minhas idas aos balcões e a proposta do Doutor Finanças. E o que eu mais gostei neste serviço é que para além da área no site em que se envia a documentação e se trocam mensagens com quem está a tomar conta do nosso processo, a comunicação via telefone também funciona maravilhosamente. Sempre que tive dúvidas telefonei e atenderam-me sempre com grande disponibilidade e paciência.

Ora, após recebermos a proposta do banco temos alguns dias para decidirmos se aceitamos ou não. Se por esta altura já estamos cansados da cavalgada que é encontrar um empréstimo com boas condições, então preparem-se que a partir daqui até à escritura… Ufa! Estou cansada só de pensar. Então, depois de aceitarmos a proposta de empréstimo é criada uma linha de comunicação com o banco. Nesse e-mail entram já as pessoas do balcão que ofereceram a proposta e até haver escritura feita também as pessoas do Doutor Finanças acompanham o processo (e, acreditem, isto é muito bom!).

No meu caso, como fiz o empréstimo noutro banco que não o meu, tive de ir criar conta, etc. etc. etc. A outra grande dor de cabeça relaciona-se com os seguros… Seguro de vida, multi-riscos etc… É preciso preencher questionários de saúde, vemos que a certa altura vamos pagar um balúrdio porque os valores dos seguros, principalmente de vida, dependem da idade e do montante que ainda se deve ao banco… Preparem-se! Felizmente a equipa, também de mulheres, do banco onde fiz o empréstimo, a CGD, também foi bastante paciente comigo.

Chegou depois a altura de pedir a avaliação do apartamento! Foi precisa imensa documentação (se insistirem muito depois nos comentários posso deixar a lista de tudo o que foi preciso) e ainda havia um pormenor – eu precisava que a casa fosse avaliada em X para conseguir o montante necessário para poder comprar o apartamento. Conseguem adivinhar onde isto está a chegar? A avaliação do apartamento (novinho em folha e com outros mais velhos à venda ao mesmo preço) veio abaixo do que eu precisava (((((:

O drama! O horror! A questão acabou por se resolver, mas no meio disto tudo nasceu o meu primeiro cabelo branco. A sério. Essa é que é essa. Ultrapassado este contratempo foi mais um anda para cá e para lá de documentação e cadernetas prediais e propriedades horizontais e trinta por uma linha, que eu é que já andava na diagonal com tanto stress. Seguiu-se o malabarismo de encontrar agenda comum entre a construtora e a agência de advogados do banco que trata das escrituras… Telefonemas telefonemas telefonemas. Como eu não tive agência imobiliária intermediária, tive de ser eu a fazer esta gestão toda.

Mais! Há uma coisa muito chata no acto da escritura, que é o montante ridículo de impostos! Sim, meus queridos, nunca façam contas apenas à entrada que têm que dar para a casa. Calculem logo o IMT e Imposto de selo que terão de pagar e contem com esse rombo! Mas o que é mesmo contraproducente neste processo é que são precisas as guias de pagamento que têm obrigatoriamente uma validade de 24h e que é suposto serem emitidas pelas finanças e que envolve dados nossos e de quem vende, etc., e eu a ver a minha vida a andar para trás que não sabia se tinha as informações certas ou até se tinha tempo de ir às finanças no dia anterior. Solução? Doutor Finanças!

A sério, malta. O dia em que assinei a escritura, apesar de ser o dia de véspera blá blá blá, acabou a ser um dia mais calmo por ter tido a ajuda deles a tratar da emissão destas guias. Guias prontas, cartão do cidadão check, novo cartão de débito prestes a ficar careca check, ansiedade gigantesca disfarçada check… É chegada a hora de sentar com a vendedora, ter a escritura lida na presença de advogado, todos os formalismos feitos (no meu caso com boa disposição, a senhora que tratou da coisa foi super boa onda), chave na mão, casa! Ahah, claro que fui só de visita que ainda não tinha nada lá dentro!

Ou seja, o dia em que assinei a escritura foi ao dia 7 de Janeiro, quase um ano depois de ter assinado o contrato de promessa compra e venda. Se por um lado eu pensava que era agora que as coisas iam animar, por outro lado acordo no dia seguinte sem me conseguir mexer como deve ser na parte superior do corpo, cheia de dores, a precisar de apoio para sequer me conseguir levantar da cama… Ou seja, o dia em que assinei a escritura foi o dia de véspera de ir parar às urgências, levar umas injecções, uma guia para fazer um TAC, que veio a tornar-se o início da caminhada para me tornar num cyborg. História para outro post!

Resumindo e concluindo, omiti muita coisa neste processo, é verdade. No entanto, se tiverem perguntas ou se quiserem saber mais pormenores e se virem que posso ajudar, escrevam nos comentários ou enviem-me e-mail. Terei todo o gosto em tentar suavizar a vossa experiência ao máximo!

Não posso também terminar esta entrada sem partilhar convosco a minha infinita felicidade por ter um apartamento de que gosto tanto. Deixem-me confessar-vos uma coisa. Quando ainda estava nos EUA tive um sonho em que me via num apartamento supostamente meu (mas o qual nunca tinha visto sequer) com uma série de características que se vieram a tornar em realidade. E mesmo que poucos dias depois eu tivesse notícias que me encaminhariam para uma nova fase da minha vida de adaptação e aceitação, a verdade é que não há nada como termos um local a que chamamos casa em todos os sentidos possíveis. Só posso desejar que vocês já tenham o vosso ou que o encontrem assim que possível 🙂

PS: Fiquem atentos, o dia em que me tornei um cyborg será publicado brevemente.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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